quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

mensagem impressionante para um desconhecido de inhotim

que seu ano novo seja impressionante. que nele caibam seus sonhos, sejam quais forem. que nele caibam seus desejos, todos quanto couberem, de verdade. que nele haja felicidade, amor, paz. e se houver dor - coisa inerente à vida - que ela passe logo e te deixe mais aprendizados que marcas. que seu ano novo seja tão impressionante quanto a mensagem de um desconhecido, que nem sabe quem você é, mas que te deseja muita alegria e saúde - afinal, com alegria e saúde todos podemos ser pessoas melhores. e se você for uma pessoa melhor, esse será um mundo melhor. te desejo portanto um ano novo impressionante e um mundo melhor. feliz 2011!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Despedindo-me de Paul


Ano passado dois amigos foram ao Coachella, aquele festival americano, e viram shows que me deixaram com muita vontade. O lineup do festival era mesmo irretocável, com Leonard Cohen, Morrissey, The Cure, entre várias outras coisas boas. E o headliner do festival era simplesmente definitivo: Sir Paul McCartney.

Foi duro ter que declinar de ir a este festival. E eu só não fui mesmo porque na época tive um problema de saúde. Mas na volta os amigos me contaram tudo: Leonard Cohen foi incrível, Morrissey arrasou, mas Sir Paul... bom, eles me perguntaram, o que você pode esperar de um show de Paul McCartney? E me disseram sem sombra de dúvidas: foi o melhor show que viram na vida.

Eu, fã de Beatles por osmose por causa de meu pai, sempre achei que o Paul McCartney me "escapava". Em 1990 e 93, quando ele veio ao Brasil, eu estava viajando e não fui aos shows. E achei que não teria outra oportunidade, por isso fiquei frustradíssima de não ir ao Coachella. Mas então Macca saiu em turnê... e eu, visitante assídua de seu site, comecei a receber as notificações sobre a turnê européia (os emails chegam com o nome dele no remetente e eu sempre fico numa felicidade quase infantil quando vejo "Paul McCartney" na minha caixa de entrada...). A turnê européia era curtinha e amigos que viram o show em Londres e Alemanha começaram a me mandar fotos e comentários incríveis sobre as apresentações. Até que um amigo do Brasil enlouqueceu e resolveu ir ao show em Paris e comprou dois ingressos. Não tive dúvidas: saquei todas as milhas que eu tinha, pedi hospedagem para uma amiga que mora lá e parti para ver o que foi chamado “Good Evening Paris” com ele.

Este é o tipo de coisa que me orgulho em fazer e considero como investimento e não esbanjamento: ver shows das bandas que gosto, não importa onde. Claro que isso nem sempre é possível, mas quando a gente se organiza, economiza e tem vontade, não é um sonho impossível. Tendo isso como premissa, ano passado eu já havia visto o show inaugural do Pearl Jam para o disco novo em Seattle (com abertura do Ben Harper!), o U2 na turnê 360º em NY e o Bruce Springsteen no último show do Giants Stadium em New Jersey. Como é que eu poderia então deixar de lado o show do Paul em Paris? Coloquei a mochila nas costas e fui. E aquele foi o show da minha vida (até aquele momento). Fiz muitas fotos, escrevi à respeito, espalhei aos quatro ventos o quanto assistir a um concerto do Paul McCartney era uma experiência transformadora na vida de quem ama música, gosta de Beatles e admira o sir, uma das figuras mais competentes e carismáticas do cenário musical de todos os tempos – e para quem viu pelo menos um show no Brasil sabe que nada do que escrevi aqui é exagero.

No início de 2010 ele saiu em turnê pelos Estados Unidos e eu atormentei todos os meus amigos morando pelo país a irem ver os shows. Todos os que cederam aos meus apelos me ligaram ou escreveram depois para agradecer a minha recomendação (quase intimação) e concordando que aquele tinha sido o melhor show que já haviam visto na vida.

Confesso que eu já havia perdido as esperanças de que a turnê Up & Coming viesse para o Brasil depois de tantos boatos e nenhuma confirmação. Mas quando as datas finalmente foram anunciadas, me coloquei a postos para comprar ingressos para todos os dias em todas as cidades. E assim, no dia 7 de novembro parti sozinha para Porto Alegre. Lá tive a sorte de encontrar amigos novos com quem pude compartilhar mais um grande momento. As apresentações do Paul são muito cheias de amor – seja pela temática das canções ou pelas homenagens e perfil do público – o que faz do evento um encontro muito emocionado entre amigos, família, amores... e em Porto Alegre tive como companhia gaúchos muito legais e queridos. E lá vi o Paul falando em português pela primeira vez e, uma vez mais, admirei o quanto aquele homem de 60 e tantos anos continuava o mesmo moleque divertido e carismático, que eu já tinha visto elétrico e falando francês um ano antes. E novamente fui às lágrimas com My love, Something, Yesterday e tantas outras. E novamente cantei a plenos pulmões Band on the run, Let me roll it, Eleanor Rigby, I’ve got a feeling, Helter Skelter... Voltei para casa na segunda-feira muito feliz e com o sentimento de "missão cumprida" por não ter cedido a comentários como "que exagero ir até Porto Alegre!".

Na semana dos shows em São Paulo ninguém falava de outra coisa. E eu não imaginava que ficaria tão ansiosa, uma vez que já tinha dois shows da mesma turnê no currículo. Mas fiquei. Fiquei muito ansiosa. Ver Paul McCartney em São Paulo teve uma magnitude diferente para mim. Me planejei para ver os shows com meu pai, responsável pelo meu gene beatlemaníaco e, além dele, com amigos muito amados e importantes na minha vida. E cantar Hey Jude abraçada a essas pessoas especiais misturadas a outras 60 mil vibrando e emocionando-se do mesmo jeito foi de uma beleza tão única que estou certa de que jamais vou me esquecer.

No show da última segunda-feira me senti como se EU estivesse encerrando minha turnê particular nessa aventura. Para mim foi um grande encerramento. Apesar do trânsito, da chuva, de encontros e desencontros pelo show, a apresentação da última segunda-feira foi a melhor de todas as quatro que vi. Nenhuma das anteriores teve algo de ruim, muito pelo contrário. Elas foram bastante parecidas e tiveram poucas diferenças no setlist. Mas para mim cada uma foi única e a última que vi teve um gostinho de despedida doce. Despedidas são difíceis, mas quando a gente se despede direitinho e vai embora satisfeito, feliz, leve, a despedida é suave. E a sensação não é de adeus, mas de gratidão por ter vivido tudo isso. Penso que não foi só por todo o rock n’roll do show (bem feito, pesado e competente), nem só por vermos ali no palco um beatle cantando canções que todos sabem de cor. Penso que o que faz de um show do Paul McCartney uma coisa única e maravilhosa é justamente sua capacidade genial de compartilhar mensagens de amor. Penso que não é à toa que Paul escolheu The end para encerrar o show – “and in the end, the love you take is equal to the love you make”.

sábado, 12 de junho de 2010

Liberdade

minha sugestão para o dia dos namorados é pensar sobre a LIBERDADE. porque a mim me parece que a equação vencedora para solteiros, casados, enrolados e afins é amor + liberdade = felicidade. então desejo aos namorados e solteiros que sejam muito felizes. e livres, claro!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sobre o silêncio

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar. (Rubem Alves)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Coldplay in a cold & beautiful night

Coldplay no pequeno palco surpresa no Morumbi. 2/3/2010
 E eis que hoje derrotei a preguiça e o desânimo para ver o Coldplay. Não tinha companhia. Inexplicavelmente ninguém que eu conhecia ia. No fim da tarde um amigo querido que eu não via há um tempo postou no Facebook que ia ao show e procurava companhia. Fomos juntos, mas o ingresso dele era vip e o meu era pista normal. Nos separamos na entrada e fui ver o show só mesmo.
Queria ver o Coldplay porque mesmo sem conhecer bem a banda eu sabia que esse seria um show incrível. A verdade é que eu estava um pouco desanimada com o tempo ruinzinho que estava em SP hoje e como Coldplay não é exatamente uma banda que mora em meu coração, quase desisti de ir. Mas a lembrança de todos os comentários que eu havia ouvido sobre o show falaram mais alto.
O que eu conheço bem do Coldplay são os grandes hits. E acho que eles são tão incríveis, que vale encarar um show trabalhoso como esse só para ouvi-los. Para minha surpresa, porém, não apenas a execução dos grandes hits foi genial, como também achei igualmente geniais as músicas que eu não conhecia.
O Chris Martin é um frontman carismático e cheio de energia. Corre o palco gigantesco como se fosse um jogador de futebol em plena forma, disparado na direção do gol. E a platéia obviamente delira.
Quando entrei no estádio, fui na direção esquerda do palco para sair de trás da mesa de som. Como estava sozinha, rapidamente eu alcancei um lugar de onde podia ver de mais perto e com tranqüilidade o palco lindo, ornamentado com grandes globos flutuantes que mais pareciam planetas. E mudavam de cor. E projetavam imagens que faziam história com as imagens dos telões. Um espetáculo totalmente à parte.
E quando eu achei que já estava totalmente conquistada, fogos. Poderia ser demais, mas não foi. Foi realmente bonito. Mas não era tudo. De repente milhões de borboletas de papel foram lançadas e sobrevoaram a cabeça de 60 mil pessoas, que apesar de gritarem pedindo que aumentassem o som, estavam naquele momento, como eu, dominadas pela beleza e leveza daquele momento.
Acho que essa é uma boa definição para o Coldplay: é uma banda leve. Não dou a mínima para o ativismo da banda. Não dou a mínima se o Chris Martin quer ser o novo Bono. Fico até feliz que eles façam alguma coisa boa pelo planeta, pelo próximo, pelas vacas. De repente eles salvam mesmo a gente, vai saber. Mas nada disso realmente me interessa. O que me interessa, aliás, o que me encanta e me faz feliz, é que a música é boa e eu a sinto com leveza. Contrariando a corrente que diz que o Coldplay é muito bonzinho e chorôrô, canções como “Clocks” e “Speed of Sound” a mim falam de como são engraçadas as confusões da vida que nunca param de acontecer, de como as coisas andam numa velocidade vertiginosa hoje em dia. Me lembro de ter visto no jornal que o terremoto do Chile afetou a órbita da terra e diminuiu a duração do dia. E Chris Martin no piano vibrando feito o Jerry Lee Lewis. Fazendo o dia valer cada segundo que teve.
Olhei para o céu e a lua estava quase cheia. A noite úmida tinha várias nuvens, mas o vento as afastava rapidamente e era possível ver as estrelas. Pareceu uma pausa no tempo para que os planetas ali no palco se integrassem. Já me parecia lindo por si só. Mas o universo é muito grande e, atendendo ao pedido de acenderem os celulares, as 60 mil pessoas no estádio pegaram seus substitutos de isqueiro e brincaram por alguns segundos de ser estrela. Formaram verdadeiras constelações ao redor do estádio. Uma cena de beleza bem especial, como o céu estrelado do interior, onde vemos uma quantidade gigantesca de estrela e nos assustamos, pois não é o que estamos acostumados a ver todo dia.
Saí do show com a energia abastecida na capacidade máxima. Um CD da banda foi distribuído no final do show e acabo de descobrir que as borboletas da capa brilham no escuro. Lembro das borboletas voando em bandos gigantescos sobre nossas cabeças durante o show. Elas eram fluorescentes também. Pareciam saídas de Pandora, aquele planeta maluco do filme “Avatar”. Acho que posso pensar nessa noite assim: uma voltinha numa galáxia surpreendente chamada Coldplay.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para meus amigos viajantes

"A viagem, além de tornar o ser humano mais silencioso, depura o olhar."

"A viagem permite a convivência com o outro, e aí reside a confusão, fusão de origens, perda de alguma coisa, surgimento de outro olhar. Viajar, pergunta o personagem de Delatour, não é entregar-se ao ritual (ainda que simbólico) do canibalismo? Todo viajante, mesmo o mais esclarecido, corre o risco de julgar o outro. Consciente ou não, intencional ou superficial, tal julgamento quase sempre deforma o rosto alheio, e esse rosto deformado espelha os horrores do estrangeiro. Nesse convívio com o estranho, o narrador privilegia o olhar: o desejo de possuir e ser possuído, a entrega e a rejeição, o temor de se perder no outro." - Milton Hatoum em "A natureza ri da cultura"