Coldplay no pequeno palco surpresa no Morumbi. 2/3/2010 |
Queria ver o Coldplay porque mesmo sem conhecer bem a banda eu sabia que esse seria um show incrível. A verdade é que eu estava um pouco desanimada com o tempo ruinzinho que estava em SP hoje e como Coldplay não é exatamente uma banda que mora em meu coração, quase desisti de ir. Mas a lembrança de todos os comentários que eu havia ouvido sobre o show falaram mais alto.
O que eu conheço bem do Coldplay são os grandes hits. E acho que eles são tão incríveis, que vale encarar um show trabalhoso como esse só para ouvi-los. Para minha surpresa, porém, não apenas a execução dos grandes hits foi genial, como também achei igualmente geniais as músicas que eu não conhecia.
O Chris Martin é um frontman carismático e cheio de energia. Corre o palco gigantesco como se fosse um jogador de futebol em plena forma, disparado na direção do gol. E a platéia obviamente delira.
Quando entrei no estádio, fui na direção esquerda do palco para sair de trás da mesa de som. Como estava sozinha, rapidamente eu alcancei um lugar de onde podia ver de mais perto e com tranqüilidade o palco lindo, ornamentado com grandes globos flutuantes que mais pareciam planetas. E mudavam de cor. E projetavam imagens que faziam história com as imagens dos telões. Um espetáculo totalmente à parte.
E quando eu achei que já estava totalmente conquistada, fogos. Poderia ser demais, mas não foi. Foi realmente bonito. Mas não era tudo. De repente milhões de borboletas de papel foram lançadas e sobrevoaram a cabeça de 60 mil pessoas, que apesar de gritarem pedindo que aumentassem o som, estavam naquele momento, como eu, dominadas pela beleza e leveza daquele momento.
Acho que essa é uma boa definição para o Coldplay: é uma banda leve. Não dou a mínima para o ativismo da banda. Não dou a mínima se o Chris Martin quer ser o novo Bono. Fico até feliz que eles façam alguma coisa boa pelo planeta, pelo próximo, pelas vacas. De repente eles salvam mesmo a gente, vai saber. Mas nada disso realmente me interessa. O que me interessa, aliás, o que me encanta e me faz feliz, é que a música é boa e eu a sinto com leveza. Contrariando a corrente que diz que o Coldplay é muito bonzinho e chorôrô, canções como “Clocks” e “Speed of Sound” a mim falam de como são engraçadas as confusões da vida que nunca param de acontecer, de como as coisas andam numa velocidade vertiginosa hoje em dia. Me lembro de ter visto no jornal que o terremoto do Chile afetou a órbita da terra e diminuiu a duração do dia. E Chris Martin no piano vibrando feito o Jerry Lee Lewis. Fazendo o dia valer cada segundo que teve.
Olhei para o céu e a lua estava quase cheia. A noite úmida tinha várias nuvens, mas o vento as afastava rapidamente e era possível ver as estrelas. Pareceu uma pausa no tempo para que os planetas ali no palco se integrassem. Já me parecia lindo por si só. Mas o universo é muito grande e, atendendo ao pedido de acenderem os celulares, as 60 mil pessoas no estádio pegaram seus substitutos de isqueiro e brincaram por alguns segundos de ser estrela. Formaram verdadeiras constelações ao redor do estádio. Uma cena de beleza bem especial, como o céu estrelado do interior, onde vemos uma quantidade gigantesca de estrela e nos assustamos, pois não é o que estamos acostumados a ver todo dia.
Saí do show com a energia abastecida na capacidade máxima. Um CD da banda foi distribuído no final do show e acabo de descobrir que as borboletas da capa brilham no escuro. Lembro das borboletas voando em bandos gigantescos sobre nossas cabeças durante o show. Elas eram fluorescentes também. Pareciam saídas de Pandora, aquele planeta maluco do filme “Avatar”. Acho que posso pensar nessa noite assim: uma voltinha numa galáxia surpreendente chamada Coldplay.